segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Para Dentro

Borboleta cárnea que segue meus passos
Como não te amar?
Se com tua presença a vida que me afoga
Passa por entre tuas cores como numa procissão
De pássaros cruzando o arco-íris.

Dias e horas passam voando, abrem-se os olhos do retrato
E meus pudores afloram com seu significado amargo
Nuvens negras abrem passagem pelo meu corpo
Arrasando as paixões de enormes incendios. Por quê?
Que partícula do meu ser me delata e me oprime?

Minha memória se desvela e põe-se a chorar de esquecimento
Há pavores em todos os meus gemidos
Minhas forças se desfazem como sombras
Quando acendo um cigarro, em meu peito a alma se retorce
E minha angústia responde com origens contagiosas
Perco o sentimento que cai como flocos de neve
E umedece os olhos das pedras.

A noite vem em silêncio e eu a imito apenas respirando
Tremendo como um lago lambido pelo vento
Uma folha resvala e eu a ponho em meu caderno
Alguém arrasta os móveis no céu e dois relâmpagos dão-se as mãos.

A lua muda de planeta, foge de mim como um inimigo em chamas
Um grande perigo assoma-se atrás de minhas pálpebras
Uma nota perdida vem rodando e inunda meus cinco sentidos
São meus fantasmas que trazem de volta minhas asas.

[ S i c k ® julho/09 ]

1 comentários:

Sandro Branco disse...

Nossa Thay...que alma...profundo demais...da pra gente viajar junto...parabéns figuraça!BJO!