domingo, 31 de outubro de 2010

Domingo, 31 de Outubro.

Eu queria sentar aqui, começar escrever e não tentar achar alguma forma de culpar algo por ficar pensando em você. Eu queria não ter que dormir pra não pensar demais e acabar surtando. Eu queria ter um botão em alguma parte do meu corpo, pra me desligar de você toda vez que isso acontecesse. Eu queria não tentar imaginar se você ainda se comporta daquela forma que eu sempre achei incrivel. Ou talvez ficar lembrando do jeito que você costumava soltar a fumaça do cigarro. Você nem sabe. Mas toda vez que me perguntava se tinha visto algo e eu nunca via, era porque tava prestando atenção em ti. Você nem sabe mesmo! Mas era a unica coisa que conseguia tomar totalmente minha atenção quando estava por perto. A unica. Longe eu até conseguia reparar em outras coisas, mas nem fazia muita questão também. As vezes eu fico aqui, querendo saber se você ainda senta na escadinha da tua casa pra fumar um cigarro no Sol. Ou se você ainda acorda de antena em pé, parecendo a Medusa. Queria saber se você ainda olha minhas fotos no mural e ri. Se você ainda lembra de mim, tanto quanto lembro de ti. Eu nem devia. Mas lembro.

sábado, 30 de outubro de 2010

Relatos de uma vida monótona #02

Cara, se tem uma coisa que eu acho foda são lembranças. Agora mesmo achei uma caixa de cds velhos que estava juntando poeira em cima do guarda-roupas. Tirei o primeiro, tirei segundo, no terceiro já começou a vir os pequenos flashs, não resisti! O primeiro a ir pro play foi o desastroso Fun House dos Stooges, meu amigo, foi uma viagem. Consegui lembrar do primeiro porre, do primeiro baseado com a galera do Embaú, do primeiro acidente de carro, da primeira vez que eu vi nos olhos do meu pai que ele poderia me matar, com as próprias mãos. Caralho! Que doidera, os 18 anos, a rebeldia e os desastres. Stooges marcou boa parte da nossa história, aprontamos várias na madrugada em algum lugar por ai, com o som do carro torado e bebendo e conversando e viajando e trepando e pegando muita mulher. Tantas que se eu conseguisse lembrar ficaria até mais aliviado, se me compreendem. Nunca fazendo mal pra ninguém, claro, não contando nós mesmos. As vezes a sensação era de que o corpo não ia aguentar. Quantas vezes decidimos ir pra praia na sexta a noite, rodar 300km madrugada à dentro pra curtir um fim de semana totalmente enloquecedor. E era. Do caralho! As vezes a gente sentava no bar e só saía quando ia fechar. E quando fechava, comprava altas latas e sentava em algum canto sujo pra tomar. Sujo mesmo, parecia um bando de ratos, roendo tudo de canto em canto. Nessas horas não interessava mais se era noite ou dia, o limite era até onde o corpo aguentava.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Relatos de uma vida monótona #01

Uma pilha de filmes, dois maços de cigarros, uma garrafa de wisky e algumas cervejas para um fim de semana inteiro com a minha solidão. As vezes me questiono porque depois de tanto tempo eu ainda não tenho amigos, verdadeiros amigos, daqueles que te carregam nas costas, sabe? Mas as vezes eu também entendo porque nada disso acontece, afinal, quem além de mim teria a maldita chave para abrir as portas do meu mundinho? Eu vivo aqui, solitário, olhando pra essas 4 paredes o dia todo. Em dias de constante loucura, chego a imaginar essas paredes me engolindo, como se fosse uma viagem altamente alucinante, depois disso nada mais faz sentido. Tem dias que olho da janela do banheiro e só vejo coisas se mechendo lá embaixo. Coisas, pequenas coisas. Nunca fui muito chegado em gente, pra mim o ser humano é um lixo incapaz de assumir seus próprios erros. Não generalizando, nem todos são assim, tem os piores. Talvez eu seja um tipo de pessoa perfeccionista demais que tenta cobrar do Mundo o que ele não vai me dar. Quando consigo, logo vem a decepção. Por isso ultimamente eu vivo assim. Eu, meus vicios e a minha grande companheira chamada solidão. (...)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Até a próxima canção

Eu espero, espero e canto meu canto cego sem medo do escuro, me fazendo muro pros meus gatos. Eu espero. Eu espero o retrato sair do papel, beijar-me a face, tornar-se nuvem, retirar seu véu. Eu espero, espero e marco o tempo, o tempo de sala, meu tempo em novela. Eu espero,espero meu verso se desprender de ilhas, de limbos, de alçapões aguados, de bandeiras atiradas ao vento na cinza das horas, no tormento, na rua dos cataventos…Eu espero. E espero uma canção que espera a si própria, enquanto espero e espero...

domingo, 24 de outubro de 2010

O Horizonte Distante.

Como se toda reta fosse curva.Como se toda rota fosse em circulos. Como se pra alcançar bastasse esticar os braços. Como se existissem forças para esquecer quando não é possível. Como se fosse fácil acordar todos os dias, seguir a minha reta rumo ao horizonte e andar em circulos tentando alcançar aquilo que está distante e ficando cada vez mais distante. Como se fosse possível olhar à minha volta e não ver nada, absolutamente nada que me lembre você. Como se deitar a cabeça no travesseiro fosse para dormir e não relembrar de tudo que aconteceu até aqui. Como se o horizonte não fosse distante e a sudade não quebrasse minhas forças em mini particulas e revertesse tudo que juro, penso e quero, quando o assunto é você.


[ S i c k ® outubro/10 ]