sábado, 30 de outubro de 2010

Relatos de uma vida monótona #02

Cara, se tem uma coisa que eu acho foda são lembranças. Agora mesmo achei uma caixa de cds velhos que estava juntando poeira em cima do guarda-roupas. Tirei o primeiro, tirei segundo, no terceiro já começou a vir os pequenos flashs, não resisti! O primeiro a ir pro play foi o desastroso Fun House dos Stooges, meu amigo, foi uma viagem. Consegui lembrar do primeiro porre, do primeiro baseado com a galera do Embaú, do primeiro acidente de carro, da primeira vez que eu vi nos olhos do meu pai que ele poderia me matar, com as próprias mãos. Caralho! Que doidera, os 18 anos, a rebeldia e os desastres. Stooges marcou boa parte da nossa história, aprontamos várias na madrugada em algum lugar por ai, com o som do carro torado e bebendo e conversando e viajando e trepando e pegando muita mulher. Tantas que se eu conseguisse lembrar ficaria até mais aliviado, se me compreendem. Nunca fazendo mal pra ninguém, claro, não contando nós mesmos. As vezes a sensação era de que o corpo não ia aguentar. Quantas vezes decidimos ir pra praia na sexta a noite, rodar 300km madrugada à dentro pra curtir um fim de semana totalmente enloquecedor. E era. Do caralho! As vezes a gente sentava no bar e só saía quando ia fechar. E quando fechava, comprava altas latas e sentava em algum canto sujo pra tomar. Sujo mesmo, parecia um bando de ratos, roendo tudo de canto em canto. Nessas horas não interessava mais se era noite ou dia, o limite era até onde o corpo aguentava.

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